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  • Foto do escritorDébora Palma

Agressão na juventude: o bullying


Na edição de 04/01/19, a Veja publicou conteúdo bastante pertinente sobre o bullying, uma forma de violência sofrida por jovens.


Caracterizado por uma dinâmica de poder desproporcional, onde o mais forte agride o mais fraco de modo intencional e repetitivo, o bullying inclui violência física, verbal e ações indiretas, podendo acarretar no isolamento e exclusão social da pessoa que sofre a violência. Tal pode ser praticado de forma sutil, o que dificulta a percepção de pais e professores do sofrimento da criança ou do jovem. As vítimas comumente também não reagem - seja por se sentirem humilhadas ou por temerem reações ainda piores de seus importunadores, o que torna o cenário ainda mais difícil de ser controlado e tratado, com o objetivo de evitar ocorrências futuras.

Percepção diferente do sofrimento

Fatores biológicos, comportamentais e genéticos fazem com que a agressão seja percebida de formas diferentes pelas pessoas, tornando-a ainda mais nociva, em alguns casos. Independentemente desses fatores, crianças que sofrem bullying têm risco até três vezes maior de sofrer de ansiedade, além de redução de atividade nas regiões cerebrais relacionadas às motivações e emoções.

Apesar de existir há muito tempo, são recentes as descobertas sobre impactos profundos na vida das pessoas que sofrem deste tipo de violência.

O impacto no cérebro

Em pesquisas recentes publicadas na Molecular Psychiatry, no King's College London, Reino Unido, constatou-se uma relação direta entre o bullying sofrido na adolescência com modificações cerebrais e favorecimento da ansiedade na vida adulta. Na pesquisa com 682 jovens de 14 e 19 anos na Inglaterra, constatou-se que 36 jovens sofriam bullying de forma crônica e, entre eles, havia redução significativa do volume cerebral em duas áreas: o putâmen e o caudado, estruturas associadas aos mecanismos de recompensa, motivação, atenção e processamento de emoções.

"As alterações estão ligadas a um risco maior de desenvolver transtorno de ansiedade, que se caracteriza pela preocupação excessiva e interfere em situações do cotidiano, como as relações com outras pessoas, o trabalho ou a atividade escolar."

Estima-se que 30% dos jovens entre 14 e 19 anos sofram constantemente com bullying. Expostos a este tipo de agressão, os adolescentes correm risco de se tornarem ansiosos e terem problemas terem problemas para lidar com questões do dia a dia. Até recentemente, não haviam estudos sobre o impacto cerebral. O novo estudo amplia os horizontes sobre os efeitos nocivos do bullying no corpo.

Crianças e jovens: o cuidado e atenção

A adolescência é um período crítico e sensível: é neste momento que o organismo começa a desenvolver a socialização, ou seja, adentrar e participar de grupos diversos em busca de aceitação pelo outro (que não seja apenas pessoas do círculo familiar). É justamente neste período que o bullying acontece de maneira frequente e crítica, atrapalhando o momento de socialização e fortalecimento de laços, tão fundamental para uma vida adulta social saudável e livre de conflitos.

Até pouco tempo atrás, o bullying era considerado um fortalecedor de caráter das pessoas, e que o sofrimento era uma aprendizagem e um preparo para a vida, bem como o ganho de habilidades sociais - ainda que a custo elevado. Felizmente, com o avanço das pesquisas, o cerco é cada vez mais fechado num problema que passa longe de ser saudável ou benéfico.

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