Como seres humanos, somos rápidos em interpretar as reações dos outros. Acontece que algumas mensagens que recebemos têm um caráter ambíguo, que nos deixam incertos quanto ao que a pessoa queria, de fato, nos dizer. Trata-se de um jogo de poder travestido de um diálogo amigável, e frequentemente utilizada por pessoas em posições de pouco prestígio – quando não podemos dizer “na cara” do chefe que ele é insuportável, adotamos comportamentos manipulativos em relação a ele, por exemplo.
Para Aaron Beck, somos passivo-agressivos quando, apesar de forçados a obedecer, queremos manter o controle da situação.
Referência: Sarah Tomley. O que Freud faria?
Está se sentindo confuso?
Richard Lazarus diz que duas situações acontecem diante da “brincadeira”: um julgamento cognitivo (avaliação primária) sobre o que está acontecendo, e uma reação emocional (reação secundária), que desperta uma reação diferente, baseada em nossos sentimentos.
Por isso, diante de um “elogio” como “Ei, bela jaqueta, nerd!”, não temos certeza se o elogio foi ou não elogioso – e surge uma sensação de confusão generalizada: pensamentos e sentimentos entram em conflito e não sabemos o que fazer, o que leva a mudez momentânea. É como se estivéssemos numa montanha-russa emocional, com informações difusas e incongruentes.
Referência: Sarah Tomley. O que Freud faria?
Aaron Beck, criador da Terapia Cognitivo-Comportamental afirma que a pessoa que exibe um comportamento passivo-agressivo acredita que ser assertivo é arriscado – pois poderia perder sua autonomia. Segundo Beck, essa postura é paradoxal, pois, de modo geral, é exatamente ao divergir que preservamos nossa independência.
A verdade é que a maioria de nós às vezes age de forma passivo-agressiva, em geral quando queremos agradar às pessoas ou obter a aprovação delas, mas tememos que esse sentimento implique permitir que tenham controle sobre nós. Isso vem do medo, afirmam os psicoterapeutas, mas Freud provavelmente diria que não; vem da raiva – raiva de alguma figura controladora do passado que insistia em que você vivesse de acordo com as regras dela. O medo neutralizou a raiva, assim como a obediência neutraliza o medo (TOMLEY, p. 38).
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