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  • Foto do escritorDébora Palma

Orientação profissional para adolescentes - como tomar uma boa decisão num oceano de oportunidades?

Flexibilidade de ação, a convivência com as diferenças, o espírito empreendedor, criatividade e inovação, tecnologia, busca por soluções, metodologias ágeis, capacidade para analisar e diagnosticar situações complexas... O mundo do trabalho está mudando. Mudanças e rupturas são intensificadas com o avanço da tecnologia e valores relacionados ao trabalho se moldam e se modificam: disciplina, subordinação, aplicação e segurança no trabalho são substituídos por autorrealização, criatividade, autonomia e liberdade de decidir. Com a ruptura de valores na pós-modernidade, os sujeitos se percebem como angustiados diante de tantas escolhas que devem ser tomadas.


Escolhas são difíceis porque pressupõem o abandono de algo. A decisão é ainda mais difícil para momentos sensíveis na vida de um indivíduo, e a adolescência é um deles. A aproximação do momento do vestibular remete o jovem ao peso da responsabilidade da escolha. Os jovens podem tentar realizar suas escolhas por diferentes caminhos: há os que escolhem um produto final ("quero ser médico"), há aqueles que reconhecem só uma área ("quero ir para exatas") e há os que querem fugir de uma área ("não quero humanas"). A dúvida pode estar entre uma ou outra opção, ou simplesmente não há nenhuma identificação com os campos de atuação estabelecidos socialmente.


Na hora de tomar uma decisão, são poucos os jovens que já estabeleceram o que querem; a maioria vê o momento da escolha como muito difícil e angustiante, e o vestibular, que é praticamente um rito de passagem, emerge como decisivo para o sucesso ou fracasso do indivíduo. A expectativa de "entrar em uma boa universidade/em um bom curso" traz aos vestibulandos a ideia da necessidade de "passar de primeira"; aos que não obtém sucesso, resta o sentimento de autoestima, angústia, desânimo e vergonha.


Há um crescente medo da escolha por parte dos jovens, que idealizam uma situação profissional perfeita e satisfatória, e, então, ficam com medo de escolher qualquer coisa que não lhes traga a satisfação, o sucesso e o prazer idealizados previamente. Os jovens apontam o medo de escolher errado e ter de mudar posteriormente, além de usarem, muitas vezes, referência de pessoas que mudaram ("meu primo fez uns anos de Engenharia e desistiu"), tendo a visão de dificuldade de realizar uma mudança após ingressar na formação.


Cabe ao profissional de orientação profissional estar ciente das reconfigurações dos ambientes ocupacionais bem como das transformações pelas quais passa o mercado de trabalho, levando seus orientandos a um processo de reflexão sobre a sua escolha profissional em termos de suas expectativas e postura, para de fato construir uma identidade ocupacional.


Vale lembrar que a orientação profissional também pode ocorrer em outros momentos:

  • Transição de carreira

  • Aposentadoria

  • Recolocação no mercado

Anoosha Syed


O homem desenvolve a capacidade até de diferenciar o planejamento da ação da própria ação. A concepção da ação pode ser planejada por alguém, que não necessariamente deverá executá-la. Com isso, criam-se dois tipos de homens: aqueles que planejam e aqueles que apenas executam o trabalho. Essa concepção do processo de trabalho oriundo de uma ordem econômica, em que se estabelece a separação entre o trabalho de planejamento e estratégias, visto como intelectual, e o trabalho de execução, visto somente como manual, impede a alguns trabalhadores o acesso ao conhecimento de seu trabalho, inviabilizando, portanto, o desenvolver de sua autonomia, liberdade e solidariedade.


A escolha da carreira profissional significa responsabilidade pela atuação profissional que acompanhará o indivíduo em seu enredo de vida futura, à qual o jovem deverá investir energia e comprometimento. Optar pela profissão está, portanto, relacionado à ideia de trabalho, que irá possibilitar a relação desse jovem com o mundo. É por meio da profissão que as pessoas inserem-se no mundo do trabalho. Assim, o homem passa a ser um agente de transformação. A boa escolha é importante para que a vida no trabalho não seja alienada, alheia a quem você é e quais os seus objetivos.


Going nowhere - John Holcroft


Quanto mais conhecimento tiver a respeito das carreiras e dos trabalhos disponíveis, e quanto mais descobrir suas potencialidades, menos alienado o indivíduo. A orientação profissional objetiva o planejamento, o alinhamento das metas com os sonhos, atendendo aos objetivos externos (sociais) e apelos internos (realização pessoal). O profissional deverá lidar especialmente com o adolescente, que tem pressa e ansiedade e não realiza o processo de autoconhecimento, explorando pouco o mercado de trabalho e escolhendo um caminho baseado em escolhas e critérios pouco realistas.


No trabalho com adolescentes, os seguintes pontos/questionamentos podem ser levados em consideração:

  • alinhamento da carreira com valores (descoberta das crenças e valores pessoais)

  • entendimento das estratégias de escolha (saber o que se quer)

  • planejamento da carreira (detalhar onde se quer chegar, seguido pela implementação e planejamento, terminando com a estabilidade)

  • estabilidade (alívio da angústia e tensão do jovem, que agora está apto a descobrir quais caminhos melhor lhe convém em seu projeto de vida).

O foco do orientador profissional não é o resultado, a escolha em sim, mas compreender e levar à compreensão qual é o espaço que a profissão tem na vida destes orientandos, quais são os critérios que se estabelecem para essa escolha e quais são as influências que recebem para a construção de sua identidade profissional. O trabalho do orientador é compreender, analisar e interpretar, instruir e fornecer informações, a visão sincronizada com o mercado e o momento pelo qual seu orientando passa pela vida. No contexto de orientação profissional, a consulta psicológica, quando necessária, deverá ser breve e focada, tendo objetivos limitados e prazo definido.


Por fim, a devolutiva tem caráter de entrevista de fechamento, na qual é discutido o processo e dúvidas que possam ter surgido. Este é o momento para a construção da relação entre os dados obtidos e a facilitação do processo de decisão. Caso seja necessário, o jovem será encaminhado para processo psicológico mais intensivo, como a psicoterapia.


A ética do processo de orientação profissional


O trabalho do psicólogo deve ser realizado de forma ética, profissional e baseada na ciência. Cabe ao profissional a atualização e revisão de seus conhecimentos por meio da leitura de novas pesquisas de sua área, bem como do nicho de mercado em que atue.


O profissional de psicologia está inserido em uma atuação profissional regida por um código de ética estabelecido e fiscalizado pelos seus órgãos de classe, o CFP e o CRP. Os aspectos éticos do exercício profissional são cobrados de todos os que atuam nesta área, e as penalidades pelo descumprimento vão desde a advertência até a cassação do direito à atuação profissional. É dever do profissional de psicologia se orientar sobre o código de ética e as condutas regulamentadas de sua atividade profissional.


Um dos primeiros princípios éticos é o sigilo profissional, que objetiva proteger o cliente, além de refletir na construção de uma relação de confiança entre o profissional e seu cliente, dando abertura para a exposição dos fatos, angústias e acontecimentos diversos. Também compete ao psicólogo o manejo adequado do material produzido em atendimento terapêutico ou em dinâmica estabelecida em grupo.


Quanto aos métodos e técnicas utilizados no atendimento, há uma orientação ética de atividades e condutas não aceitas no exercício da profissão. A prática do atendimento deve se pautar em bases científicas aprovadas pela profissão do psicólogo.


As responsabilidades estão descritas no Manual de Orientações: Legislação e Recomendações para o Exercício Profissional do Psicólogo, divulgado pelo CRP aos profissionais da área.

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