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  • Foto do escritorDébora Palma

Por que eu deixo tudo para a última hora?


Por mais que os procrastinadores pareçam estar se divertindo, existem sinais de que seu mundo interno não é nada engraçado. Há pesquisas com estudantes universitários que mostram que, embora os procrastinadores de início sintam menos tensão que os colegas, ao longo de um semestre são eles que relatam maior acúmulo de tensão e doenças, além de notas mais baixas.


Os procrastinadores sofrem. Embora, no início, sintam-se mais relaxados com as tarefas e menos ansiosos, conforme o tempo passa, surge uma ansiedade grande diante de prazos muito apertados.


O que significa procrastinar?


É quando alguém, diante de uma tarefa (solicitada ou escolhida), adia seu início ou, se começa a tarefa, a abandona ou cria empecilhos.


É quando precisamos escrever uma redação, nos sentamos para o trabalho e, “só por cinco minutos”, acessamos as redes sociais. Acontece que os cinco minutos viraram duas horas e agora “está muito tarde para começar! Então melhor eu me focar amanhã”. O ciclo pode se repetir no dia seguinte, repetindo o vício das tarefas continuamente adiadas – e nunca concluídas.





Também adiamos quando precisamos fazer exercícios, mas olhamos para nosso tênis e pensamos: “Nossa! Preciso de um novo par!”. E lá se foi a oportunidade de fazer 20 minutos de exercícios.

Derrube uma árvore. E, se não conseguir derrubar uma arvore inteira, corte três galhos – Joseph R. Ferrari

Freud chamaria esses diálogos internos de defesas, que são estratégias que empregamos para desviar nossos pensamentos e corpos daquilo que provocaria uma “repulsa” interna. Diante de um trabalho, um procrastinador, por exemplo, pode usar a defesa da Negação, bloqueando a percepção dos eventos externos. Ou pode usar a Racionalização, dizendo a si mesmo que ainda faltam duas semanas para a entrega do trabalho – e por isso não precisa começar agora. E então navega na internet por três horas seguidas realizando tarefas infrutíferas e desperdiçando o tempo – e a vida.

Nada é tão exaustivo como a eterna persistência de uma meta não realizada – William James

A procrastinacão poderia ser considerada um estado de paralisia mental causada por um conflito entre um desejo consciente (melhorar o condicionamento físico, alimentar-se melhor, fazer um trabalho) e um desejo inconsciente (terminar tarefas). O problema está na inconsciência do desejo.


Para Tim Urban, procrastinador e escritor, os procrastinadores querem realizar uma tarefa, mas imaginam que já a deveriam ter realizado, no passado. Por isso, fazê-la agora parece impossível.


Se fôssemos considerar o aparelho freudiano (Id como a parte irracional e impulsiva; Ego como porção racional que negocia com o Id a partir da realidade externa e superego como consciência moral), então esse afastamento inconsciente indica que o Ego está perdendo a batalha para o Id, que busca a gratificação momentânea. É o Princípio do Prazer – o impulso instintivo da mente na direção do prazer, evitando o desprazer.


Mente de Macaco – Tim Urban


Para Tim Urban, a porção da mente que vive tentando nos distrair é como um macaco travesso que vive apenas no presente, sem lembranças do passado e sem se importar com o futuro. O macaco é a voz que diz: “Fique mais um pouco na internet!” e vive nos distraindo daquilo que precisamos fazer de verdade.


A única coisa que combate o macaco inquieto da mente é o Monstro do Pânico, ou seja, um prazo apertado que torna a tarefa urgente, pois o prazo está se esgotando ou já se esgotou. O procrastinador vai então correr para finalizar a tarefa dentro do prazo proposto – o que significa muito estresse, dificuldade de concentração e de descanso.


Tim Urban sugere que o macaco distraidor busca sempre momentos de prazer, nos mantendo num “Parque Obscuro” – um lugar de improdutividade e estresse.


O que importa é estar ciente do macaco e de seus truques. Assim, a primeira tarefa é começar a fazer, custe o que custar! E lembre-se: o macaco estará mais ativo e tentando te distrair nesse início da realização das tarefas. Não ceda. Prossiga firme nos seus objetivos e conclua suas tarefas.


Se você conseguir avançar, assegura Urban, conseguirá progredir e surge um senso de realização, que o macaco entenderá como uma “banana da autoestima 🍌”. Com isso, será possível mantê-lo distraído por um tempo – até que o macaco sinta que é mais prazeroso voltar para as tarefas que desperdiçam tempo.

O problema [...] não é a falta de motivação; é acreditar que é necessário se sentir motivado – Oliver Burkeman

Veja o Ted do Tim Urban aqui.


Referência:

Tomley, Sarah. O que Freud faria? Como os grandes psicoterapeutas podem ajudar a resolver problemas cotidianos.

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