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  • Foto do escritorDébora Palma

Sofrimento emocional e automutilação

Se você se automutila, tem pensamentos suicidas ou está passando por um momento difícil, ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV), no número 188


A maioria das pessoas conhece a sensação emocional (e também física) da dor emocional profunda. Para algumas, no entanto, a dor é tão intensa que só pode ser expurgada por meio de outra dor, autoinfligida no corpo. Trata-se da automutilação, distúrbio que vem chamando a atenção nos consultórios e escolas, que registraram aumento o número de casos destes episódios.


A revista científica The Lancet Psychiatry, que coletou dados de 20163 pessoas nos anos de 2000, 2007 e 2014 identificou que as ocorrências de automutilação quase triplicaram: passaram de 2,4% para 6,4%. Acontece com mais frequência em adolescentes e jovens adultos, com o dobro de incidência entre as mulheres: uma em cada cinco se automutila.


Em abril de 2019, o governo federal sancionou uma lei que estabelece que episódios do tipo precisam ser notificados aos conselhos tutelares e às autoridades sanitárias. Isto é fundamental para que o problema combatido por meio de políticas públicas, o que cria um avanço no debate do problema e proposição de soluções e de acolhimento das pessoas que se automutilam.


A adolescência é uma fase caracterizada pelo abismo de comunicação entre pais e filhos. Mudanças de comportamento devem ser um alerta – isolamento, tristeza constante, distorção da imagem corporal e crises de raiva são alguns sinais. Tais atitudes não devem ser consideradas exageradas ou imaturas.


Caracterização do distúrbio


Machucados intencionais que não são feitos com o objetivo de tirar a vida. A dor do corte materializa uma sensação ruim e abstrata – de vazio, tristeza, angústia ou raiva de si mesmo. Os machucados são superficiais e pequenos, e são geralmente feitos em locais onde possam ser cobertos pelas roupas, como a parte interna dos braços e das coxas. Trata-se de um sinal de que as coisas não vão bem, e as causas são variadas, incluindo bullying, abuso (físico, emocional ou sexual), falta de suporte familiar. Pode também ser sintoma de pressão, ansiedade ou transtorno alimentar.


“Embora o ato nem sempre signifique tentativa de suicídio, jovens que se cortam repetidamente têm maior risco de tirar a própria vida” – Guilherme Polanczyk, psiquiatra de crianças e adolescentes na Universidade de São Paulo.

A ciência ainda não desvendou totalmente o mecanismo pelo qual a automutilação ocorre. No cérebro, o comportamento de autolesão esta conectado a alterações em áreas associadas ao processamento de dor e recompensas. O corte libera endorfinas, o mesmo hormônio que traz sensações de prazer e bem-estar, camuflando a dor psíquica incapacitante. Com o tempo, a sensação de alívio diminui, estimulando novos cortes pelo corpo.


Como ajudar


Quanto antes iniciado o tratamento, melhores as chances! O tratamento deve ser feito com psicoterapia, e os medicamentos são utilizados em caso de depressão e ansiedade.


Não brigue

A primeira reação dos pais ao perceber a automutilação nos filhos é a revolta, mas os castigos e discussões não trazem melhoras.


Aproxime-se

Tenha empatia e interesse, e não faça julgamentos. Por exemplo: “Você pode me ajudar a entender o que está acontecendo e por que você faz isso?”


Procure ajuda profissional

A automutilação não deve ser encarada como um exagero, frescura ou imaturidade. Comportamentos deste tipo devem ser cuidados por psicólogo e psiquiatra.


Tenha paciência

Parar de se machucar exige estratégias para gerenciar as emoções. Por isso o especialista é tão importante.


Texto adaptado de: CUMINALE, Natalia. Feridas da alma. Revista Veja, São Paulo, p. 80-82, ago. 2019.


Não é fácil falar sobre a automutilação... mas é necessário e muito importante. Busque ajuda se você estiver passando por um momento difícil e não hesite em falar com um voluntário do CVV se você não tiver auxílio de pessoas próximas.


A vida merece ser vivida com respeito, acolhimento e carinho por nós mesmos.

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